A POESIA DE PEDRO SANCHES
ansiolítico
a xícara de chá
toda noite
a xícara de chá,
por favor.
a luz pela metade
o livro pela metade
a xícara de chá.
Já é metade da hora
sinos calados d’agonia.
alguém bate à porta.
a fumaça do cigarro
imóvel
noir.
do nascimento
uma fenda rasgada
no tempo
de pedra
árido granular rachado
amarelo
derramados litros de céu viscoso
sobre esta terra,
[os gritos do tempo rasgado devoram os anjos]
A criança sussurra seu primeiro
choro de abismo.
forjagora
poes-
ia
de horas
nada o presente
silên-
cio retorcente
dura
lancinante
inconfessável
(ritmo)
indecente
do rio da corrente
(nunca antes?)
sem ponto
a‐fluente?
cálice
o instante
do instante
Pedro Sanches (São Paulo, 1984) é poeta em Brasília (pedrosbg@hotmail.com).
Imagem: cigarette smoke, Google.
Ansiolítico é simplesmente o máximo! Parabéns, Pedro!
ResponderExcluirNão há nenhuma gratuidade nos poemas intensos do Pedro.
ResponderExcluiradorei os poemas do Pedro. há neles uma urgência tão grande (e intensa), que é quase possível tocá-la.
ResponderExcluirobrigada, Alberto, por apresentar-nos ao poeta.
Agradeço os comentários, gente.
ResponderExcluirConfesso que quando li "Pedro Sanches é poeta em Brasília" escapuliu uma risada.
Comentei isso com a Sumaya, minha namorada, que disse: meu amor, você é poeta em Sumaya. E eu disse: eu sou poeta em Pedro.
Quanta sensibilidade Pedro, e modéstia também, Sr. Poeta. Adorei ler.
ResponderExcluirQuanta sensibilidade Pedro, e modéstia também, Sr. Poeta. Adorei ler.
ResponderExcluirPedro, você é poeta em Pedro e é poeta em pedra - per durar. Belos, assim, simplesmente belos. Alberto é um descobridor de talentos. Parabéns e abraços aos dois.
ResponderExcluirSeja lá onde for, Pedro, você é poeta. Por que afirmo? porque há uma surpresa à espreita em cada verso, que altera o grau de ansiedade do leitor. Parabéns e , por favor, não pare.
ResponderExcluirIntenso e impressionante! Parabéns... Abraço!
ResponderExcluirMuito bom Pedro! A presença marcante da sua alma está nos seus versos!Abraço do seu amigo!
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