magnificat
comecei a sangrar aos dezoito dias de março de mil novecentos e oitenta e nove. dezessete e trinta e cinco. em dias que antecederam a ressurreição. quando Jesus, Maria e José vestiam-se de roxo e meu vestido era branco. alguma coisa emprestada. alguma coisa azul.
só sei que o sangue era lento e farto.
só sei que era dor e, depois, nada. e que retornou, sucessivas e incontáveis vezes. até eu não me importar.
quarenta dias e quarenta noites de jejum. e no deserto o pecado roeu meus ossos. e em minha cama a carne se desfez.
e um verbo entranhou-se às paredes de meu útero. e depois dele, o outro.
nunca mais pari.
só sei que durou dez anos.
e que meus olhos ainda vertem o sangue transformado em água.
mariza lourenço
[imagem aeternitatis-tristis]
comecei a sangrar aos dezoito dias de março de mil novecentos e oitenta e nove. dezessete e trinta e cinco. em dias que antecederam a ressurreição. quando Jesus, Maria e José vestiam-se de roxo e meu vestido era branco. alguma coisa emprestada. alguma coisa azul.
só sei que o sangue era lento e farto.
só sei que era dor e, depois, nada. e que retornou, sucessivas e incontáveis vezes. até eu não me importar.
quarenta dias e quarenta noites de jejum. e no deserto o pecado roeu meus ossos. e em minha cama a carne se desfez.
e um verbo entranhou-se às paredes de meu útero. e depois dele, o outro.
nunca mais pari.
só sei que durou dez anos.
e que meus olhos ainda vertem o sangue transformado em água.
mariza lourenço
[imagem aeternitatis-tristis]
Nossa, lindíssimo!
ResponderExcluirBeijo, Mariza.
putz, de torar
ResponderExcluirbj
demais, demais!
ResponderExcluirMagnífico, Mariza, como sempre!
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