às
vezes resolvo escrever sobre algo e, de repente, a disposição muda, e é
quando me pego escrevendo sobre outra coisa. como hoje, por exemplo, em
que um pensamento recorrente pediu para sair. então, estou dando
passagem. culpem a ela e relevem, se possível, a divergência de nossas
letras.
há
dois anos eu não sabia de sua existência, dessa mulher estranha surgida
do nada, velha o suficiente pra me fazer desconfiar de sua existência. e
nova o bastante para assombrar o resto dos meus dias.
(e que não sejam tantos, por favor)
mas
ela surgiu, apareceu, caiu, com todas as linhas e sulcos de uma mulher
milenar, com as suas gorduras, maneirismos e liquidas saudades, bem
iguais à de qualquer uma que tenha se atrevido a viver de lembranças.
tão diferente de mim e de minhas angústias. porque ela sempre será um vento
à espera da tempestade.
(roda roda menina, roda essa saia amarela)
e eu... ora, este deserto de areias tão brancas.
e ela... essa miragem num poço sem fundo, um narciso rebelde, a mão que degola.
(a mão, quem dera, fosse a minha)
ah, maldita aparição que me
come pelas beiras, margeia meus limites, me prostra e põe de joelhos.
há dois anos ela surgiu, apareceu, caiu, essa mulher estranha, vinda não se sabe de onde, poço ou espelho, do inferno, talvez.
ou ainda do céu, onde moram as crenças...
aparecida, quem sabe, entre os meios das pernas, moradas sagradas de doloridas saudades.
mariza lourenço
[imagem de nancy honey]
Mariza, sim, "um vento à espera da tempestade!
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