segunda-feira, 3 de setembro de 2012

o homem


Francis Bacon. Triptych, 1972 (painel central).

45 anos imagino
e veio do trabalho até gravata
(tomar uma dançar um pouco)

"Afasta ele precisa respirar"

Deitado o povo em volta o corpo ainda
mais coisa
A cabeça percutia o chão O resto ele
imóvel

Antes: “mais uma por favor”
Mas não
não foi isso sei lá a saliva aquele olhar
Performance solo um corpo
vestido de dor até a face

Os olhos por trás do rosto: "Ainda estou aqui"
O resto: olho homem sob a pele o bicho O bicho
homem
o resto do que é bicho no homem
Era o resto o rosto do Homem. Eu vi.

8 comentários:

  1. Massa... humana! Bandeira, Fernando Sabino, Nietzsche, quem mais? Crônica-poema ou vice-versa, ecce homo... Parabéns, Vagner.

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    1. Almir, sou muito grato por suas leituras frequentes, atentas e generosas. É pensando em pessoas como você, com a sua sensibilidade, que escrevo. Um grande abraço, Poeta!

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  2. Vagner, a tensão e o inusitado presentes nos seus versos sempre encantam! Bacon combinou bem!

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    1. Alberto, meu querido Poeta e Amigo! Nunca é demais lembrar que foi a partir da leitura do seu livro que retomei a vontade de escrever. Se há encanto, um muito devo a você. Um abração!

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  3. "Performance solo um corpo
    vestido de dor até a face"

    de perder o fôlego. o vislumbre da dor e do resto. e, no final (ou afinal), o rosto. perfeito, Vagner, mais que isso...

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    1. Mariza! Estou tentando aprender com você a contundência! Obrigado!!

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  4. Vestido de dor até a face. Só por esta frase já teria valido a pena.

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    1. Basilina, uma honra receber novamente sua visita! Um abraço!

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