LONESOME STAR
(sobre tema de Norah Jones)
Um som
Não
Um tremor de asas
Vem do fundo
e estremece
a imobilidade da casa
parte o silêncio dos livros
que pressentem
a devassa
Há o tremor profundo
mas também – insisto –
o som
Um tropel, alado cardume
ou o rumor das cicatrizes
riscando entre o sono
ou o roçar dos lábios do medo
ou sementes que germinam
na palma da mão
Vibra alto o tom
e a folhagem
soprando a noite
inverte a visão
desata as vísceras
sangra cerejas e serpentes
O som está próximo
e o travo na língua
subverte os rasgos
do desejo – a implosão
O fragor dos pássaros
o sonho denso no après-midi do fauno
rompem a carne antiga
(Tremor e som)
vejo
uma estrela
Um uivo
expele a pedra
que atiro ao céu
E espero
how far are you?
ALBERTO BRESCIANI (em Incompleto Movimento)
Imagem: Vincent Van Gogh, Noite estrelada
esse poema é belíssimo!
ResponderExcluirlindo demais!
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