segunda-feira, 20 de maio de 2013

marés

sentir. calar. e por descuido permitir que o mundo inteiro ouça e veja e sinta os movimentos das minhas marés. de todas as minhas fases

de lua


minguante

minha história combina demais com canções bregas de despedidas. com fios de cabelos perdidos em paletós.
é mais fácil engolir a dor do que estrangular entre as pernas um desejo mal-satisfeito.
é mais confortável sufocar uma aflição conhecida do que um amor natimorto. que nem teve chance de crescer.


nova

surpreendo-me desejando coisas antigas, só para vê-las, outra vez, recém-nascidas e ao sabor da minha vontade madura.
entre as minhas mãos e meus dedos acostumados às perdas, talvez eu conseguisse (quem sabe) mudar o rumo da dor.
talvez eu errasse tudo de novo
:só pra não dar o braço a torcer.
(quem sabe)


crescente

sou assim:
exagerada e aflita.
feliz na medida certa. triste na medida errada. tão farta quanto o riso é a inconveniência de meu choro.
as enormidades já deixaram de me assustar. as miudezas ainda me mantêm acorrentada.
sou assim:
uma incongruência. uma incógnita. um compasso de espera.
uma régua torta.


cheia

caio sempre no mesmo conto do olhar-armadilha 
(a vergonha não cabe em minha cara).

ai de mim.


mariza lourenço

[imagem de jules marchetti]

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