Bibliotecário, óleo sobre tela. Arcimboldo, c.1566, Castelo Skokloster, Estocolmo.
"A carne é triste, sim, e eu li todos os livros."
Stéphane Mallarmé
visitava no mínimo, entre duas e três
livrarias, ou sebos, no decorrer do dia;
toda biblioteca pessoal exige certo
comprometimento devotado, "quando a
falência física abraçar meu corpo",
ele dizia, "haverá suficiente saber
ao alcance das mãos, para nutrir o
espírito, para mantê-lo ainda vivo!"
enquanto isso, os livros ali, como
objetos sacros, intocados,
mas só seriam requisitados em certa data,
previamente estipulada, "aí sim, será
o momento de visitá-los, lê-los,
reabrir os lacres (fechados à chave),
e empreender a tão aguardada busca,
sem garantia alguma, pelas perguntas"
que só a maturidade o traria.
mas a esta altura, tudo poderia caber
num microchip implantado no cérebro
do velho bibliófilo, celibatário
dos próprios livros, nunca lidos.
ALEXANDRE GUARNIERI
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