RESPIRAÇÃO E ASFIXIA NA POESIA DE
ANDRÉ LUIZ COSME LADEIA
NASCIMENTO
Quando nasci
A morte
Veio me visitar
E me presenteou
Com seu relógio negro
O coveiro que fez meu parto
Me benzeu
E depois
Começou a preparar a minha lápide
As bailarinas dançavam
Com a morte
Ao som de uma música lúgubre
Os sinos badalaram
Para comemorar o início
Do meu enterro.
TORTURA
A gota d´água caindo devagar,
A luz ligando e desligando
Ininterruptamente
O choque frio
A unha sendo retirada
A cabeça mergulhada
A dor, a sede, a fome,
O espelho
GUERRA
Na Guerra
Os homens
Carregam
Os
Mortos;
As mulheres,
As crianças;
Os nômades,
As sacolas;
Só a vida que é
Deixada para trás
CHARRETE
Nas viagens
Os turistas
Se vangloriam
De seus passeios sádicos
Com os cavalos
e os trabalhadores
exploram
os
turistas
que
exploram
os
cavalos
A verdade
É que sempre haverá alguém
Com freio na boca
E um chicote.
ANDRÉ LUIZ COSME LADEIA é poeta e procurador
municipal. Autor de Suave como a morte (Editora Penalux, 2014).
Imagem: Another sad man, by Melek
Belíssimos poemas!
ResponderExcluirRealmente, parabéns!
ResponderExcluir