DOMINGO DE PRAIA
Deitado sobre a areia, um
homem aguarda o mar.
Não presume o próprio
deserto porque tem em si
o mar de Sophia.
Sussurra o mar ao seu
ouvido o epílogo da vida.
Dias e horas de rabiscos
na
página aberta do diário.
Os banhistas não reparam
a ausência do poeta nem
da poesia. Mais uma vez,
desperdiçam o mar.
A FORMA DA ÁGUA
O amor abissal,
em sua forma genuína
e sob a vigilância
de cavalos-marinhos,
não está ao nosso
alcance.
A nós humanos cabem
as chamas da Quimera e a
falsa profundeza do
romance.
SEM TETO, SEM CHÃO
À espera do voo,
olhos aguardam no painel
de controle
a possibilidade exígua
de comunicação dos
signos.
A dor vê-se sob a lupa
da interrogação.
O amor, em sua ilusão,
roga a Cronos
a passagem das horas
em um átimo.
A aeronave e o sonho
resistem a deixar o
pátio.
A poeta pernambucana Noélia Ribeiro publicou Expectativa (1982); Atarantada (Verbis,2009), Escalafobética (Vidráguas,2015) e Espevitada (Penalux,2017). Formada em Letras na UnB, tem poemas em antologias e revistas virtuais brasileiras. Em 2017, recebeu da SECULT-DF o Prêmio FAC – Igualdade de Gêneros na Cultura. É sócia da ANE e da UBE-RJ.
Imagens: Max Dupain
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