SEM SINALEIRO À MEIA-NOITE
(cenário)
Atravesso a rua de mão dupla
trânsito agudo e feroz
(1ª opção)
Volto-me à música
que sopra de sua boca
e não resisto
ao gosto forte da pele
É fácil crer
(2ª opção)
Mergulho no vácuo de três mortes
e saio sem cortes
– visíveis –
de seus dentes
Do outro lado
sempre é passado
(3ª opção)
Escolho a contramão
de meu peito
antes que venha a hora
de bater o ponto
Estou limpo
(as)cetivamente findo
(nota do A.)
Só rua e travessia são reais:
o personagem em ruínas
quando muito
se esgota em letras.
ALBERTO BRESCIANI
Imagem: Google
eita! belíssimo Alberto! abraços
ResponderExcluirEita, Lázara!!! Muito obrigado!!!
ExcluirNota de leitores:
ResponderExcluirNão há teoria que não seja um fragmento de uma autobiografia, diria Paul Valéry. Umberto Eco prefere dizer que se a linguagem não servisse para mentir não serviria para nada.
Fico com todas as opções.
Belíssimo retorno, Alberto!
E, afinal, o poeta "chega a fingir que é dor a dor que deveras sente"!
ExcluirEstava com saudade dos seus textos, amigo Alberto. Sejam eles poemas ou minicontos. Este é um trabalho de origami: o resultado é belo, mas o segredo está nas dobraduras. Um abraço e parabéns!
ResponderExcluirObrigado, querida Basilina
Excluirsuponho, suponha: somos personagens em ruínas. o esgotamento vai além. transborda as letras e o papel. ao final, os escombros nos colocam em rota de colisão. não é ótimo?
ResponderExcluir(a bem da verdade, ótimo é seu poema)
Eu diria que você é ótima!
Excluir