segunda-feira, 7 de outubro de 2013

sadô


SADÔ
Ronaldo Costa Fernandes

308  Norte. Cara de santa martirizada.
Bate, ela suplica.
Algemas no espaldar da cama. O chicote é um dedo acusativo cortando carne. Ele não bateu. Ela chorou o gozo contrariado. Aquilo, sim, era sadismo. Casamento é coisa muito séria para colocar amor no meio.



(Conto de Manual de tortura, Esquina da Palavra, 2007)

Ronaldo Costa Fernandes é escritor e crítico literário. Ganhou, entre outros, os prêmios  Revelação de Autor da APCA,  Casa de las Américas, Guimarães Rosa e Cidade de Belo Horizonte. Publicou Terratreme, poesia (1988), Andarilho, poesia (2000), Eterno Passageiro, poesia  (2004), O viúvo, romance (2005), Manual de tortura, contos (2007), A Ideologia do personagem brasileiro, ensaio (2007), A máquina das mãos, poesia (2009), Um homem é muito pouco, romance (2010), e Memórias dos porcos (2013). Vive em Brasília e Escreve em ronaldocostafernandes.blogspot.com.br.

Imagem base: Google



4 comentários:

  1. Como é que se consegue, em menos de cinco linhas, ter uma pontaria tão certeira? Impressionante! O chicote não estalou mas o conto fica latejando uma eternidade. Parabéns, poeta! Abraços, Ana Maria Lopes

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  2. Muito bom. Gosto desta síntese algemada, mas cheia de ganas. Parabéns!

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  3. Daí porque Alberto e eu costumamos chamá-lo de Mestre.
    Abçs desta eterna fã dos dois.

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