SADÔ
Ronaldo Costa Fernandes
308 Norte. Cara de santa martirizada.
Bate, ela suplica.
Algemas no espaldar da cama. O chicote é um dedo acusativo cortando carne. Ele não bateu. Ela chorou o gozo contrariado. Aquilo, sim, era sadismo. Casamento é coisa muito séria para colocar amor no meio.
(Conto de Manual de tortura, Esquina da Palavra, 2007)
Ronaldo Costa Fernandes é escritor e crítico literário. Ganhou, entre outros, os prêmios Revelação de Autor da APCA, Casa de las Américas, Guimarães Rosa e Cidade de Belo Horizonte. Publicou Terratreme, poesia (1988), Andarilho, poesia (2000), Eterno Passageiro, poesia (2004), O viúvo, romance (2005), Manual de tortura, contos (2007), A Ideologia do personagem brasileiro, ensaio (2007), A máquina das mãos, poesia (2009), Um homem é muito pouco, romance (2010), e Memórias dos porcos (2013). Vive em Brasília e Escreve em ronaldocostafernandes.blogspot.com.br.
Imagem base: Google
Como é que se consegue, em menos de cinco linhas, ter uma pontaria tão certeira? Impressionante! O chicote não estalou mas o conto fica latejando uma eternidade. Parabéns, poeta! Abraços, Ana Maria Lopes
ResponderExcluirMuito bom. Gosto desta síntese algemada, mas cheia de ganas. Parabéns!
ResponderExcluirSuper denso. Muito bom.
ResponderExcluirDaí porque Alberto e eu costumamos chamá-lo de Mestre.
ResponderExcluirAbçs desta eterna fã dos dois.