quarta-feira, 8 de abril de 2015

vinte e uma horas

(uma tarde. uma noite. uma manhã)

(...)

e toda a ânsia foi engolida pelas horas e pelo homem. 

dentro dele, o amor, com todos os seus fins, justificou a minha espera. 

dentro de mim, as previsões de nosso signo desmentiram as incertezas de sempre. 

há tempos. 

a mandala movimentou-se feito vento e por vinte e uma horas todas as casas escancararam suas portas. 

era o mar invadindo o céu com todos os seus propósitos. 

era o homem dentro de mim e sua paixão em minha boca estancando o futuro. tão dolorosamente incerto. 

por vinte e uma horas flutuei à sua frente. e o homem, de olhos bem abertos, agarrou-se às lembranças que viriam.

era o sol desafiando a lua com todos os seus segredos.

minha nudez em seu colo. 

uma flor inteira. 

por vinte e uma horas foi tudo o que o homem quis. 

e teve de mim.


mariza lourenço 

[imagem de asainemuri]

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