segunda-feira, 23 de julho de 2012

de silêncio e ritmo



CENTAURO
 

"(...) Deixa que a minha mão errante adentre
Atrás, na frente, em cima, em baixo, entre. (...)"

- John Donne -


[feche os olhos]

o trote ao largo à frente atrás ao lado
o trote lento entre

[assim, bem quieta]

o trote lento dentro

[ainda, não]

pulsa pula o músculo
treme aberta a carne
relincha a fera no ouvido [abre]



mariza lourenço

[imagem ©chryssalis]

14 comentários:

  1. Belo poema, precisão de ritmo, poetíssima!

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    1. poetíssimo é o senhor. eu ainda estou aprendendo o caminho dos versos.
      obrigada, meu amigo.

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  2. Eu conhecia este poema citado traduzido por Augusto Campos e não sei por quem musicado, com interpretaçao do Caetano Veloso cantando e sabia ser de um antigo poeta inglês. Muito erótico.
    Seu poema equilibrou-se em dose certa entre os extremos do mais extremo erotismo carnal e a cadência suave do erotismo romântico, fazendo, em brevidade, o ritmo acelerar e cadenciar, misturando em dose certa amor e prazer.
    com diz o resto do poema de John Donne

    Como encadernação vistosa
    Feita para iletrados, a mulher se enfeita
    Mas ela é um livro místico e somente
    A alguns a que tal graça se consente é dado lê-la.

    Beijos

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    1. saudade, Benninho!
      adoro esse poema de John Donne. em minha opinião o poema erótico perfeito. um dia acordei e escrevi Centauro, sem a intenção, claro, de me igualar ao grande Donne ou meu poema ao dele. mas era algo que eu precisava escrever, então, furtei do poeta a sua inspiração.
      beijo, querido.

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  3. Delicioso seu poema, Mariza! Primeiro, porque está prenhe de eroticidade, num jogo sensual com elementos humanos e outros nem tão humanos... como um centauro.

    Depois, fiquei com a forte impressão de já o ter lido/visto em algum lugar [como um déjà vu!], de sorte que não me sai da cabeça essa imagem sexual...

    Como John Donne, você é poeta [sim, senhora] e advogada [das boas]... Por acaso, gosta também de ir à missa das seis? Rs

    O que seria dos [bons]poetas sem a intertextualidade, recurso que aqui se revela no tema mitológico e na referência feliz ao autor inglês...

    Hum... me deu até vontade de cometer uma “fatalidade”:

    “Destrincha o amor o ódio
    E o arrependimento!

    Separa norte e sul
    Bem e mal dotados!

    Esmaga o dedo mindinho
    E o juízo final!

    Dama de ferro engajada
    E engatilhada!

    Faz dum-dum nos
    Culhões do poeta!”

    [AZ]

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    1. você me mima, AZ. demais da conta. no entanto, mais legal que o meu, e delicioso, são esses versos irresistivelmente fatais. adorei!
      eu sou mulher de reza, você sabe. vou à missa, desfio rosário, dobro joelhos... hehe
      obrigada e beijos.

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  4. Lindo, Mariza, especialmente o último verso, visceral. Um bj

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  5. gostou, Jesus? fico contente e agradecida.
    um beijo

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  6. Música de corpos... Muito bem, gostei muito!

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