I
em meu quarto as aflições se igualam democraticamente.
deito-me sem conseguir reconhecer, entre tantas ausências, o pouco que ainda me resta para sonhar.
minha cama é uma ilha cercada de angústia por todos os lados.
II
desfaço-me com os olhos pregados no teto.
(o sono nunca vem quando preciso).
conto carneiros, enquanto penso besteiras, e meu corpo, completamente desperto, dói a dor de quem não encontra uma mão sobre um seio, uma perna entre as pernas.
meu gemido é quase um lamento.
III
segundo alguns manuais, a solidão é caminho para o autoconhecimento.
danem-se todos. estar só é desconhecer outro lado vivo de mim.
o espelho, no canto do quarto, anda embaçado de tanto escutar minhas queixas.
não preciso abrir a janela para saber que a lua está cheia.
uivo.
em meu quarto as aflições se igualam democraticamente.
deito-me sem conseguir reconhecer, entre tantas ausências, o pouco que ainda me resta para sonhar.
minha cama é uma ilha cercada de angústia por todos os lados.
II
desfaço-me com os olhos pregados no teto.
(o sono nunca vem quando preciso).
conto carneiros, enquanto penso besteiras, e meu corpo, completamente desperto, dói a dor de quem não encontra uma mão sobre um seio, uma perna entre as pernas.
meu gemido é quase um lamento.
III
segundo alguns manuais, a solidão é caminho para o autoconhecimento.
danem-se todos. estar só é desconhecer outro lado vivo de mim.
o espelho, no canto do quarto, anda embaçado de tanto escutar minhas queixas.
não preciso abrir a janela para saber que a lua está cheia.
uivo.
e este uivo é apelo.
mariza lourenço
[imagem Ash Sivils]
Minha existencialista predileta, depois de Beauvoir...
ResponderExcluirFantástico, Mariza! Como sempre!
ResponderExcluiro pior da solidão é não ter com quem compartilhar.
ResponderExcluirPorém, não deve nada a ninguém, é livre.
A liberdade é solitária.